Foi na mosca: logo no primeiro dia, lotação total, o povo saiu da praça da feirinha e atravessou a rua, em peso. Nos domingos seguintes continuou lotando, mais e mais. Em poucas semanas virou um "point": matéria da Vejinha, reduto de globais e jornalistas, turistas e muita gente bonita. Somente instrumental no início, o regional depois acolheu as maravilhosas cantoras Ana Bernardo (irmã do Arthur) e Ione Papas, que se revezavam e agitavam a platéia.
A música começava às 11h e ia até às 18h; depois esse horário foi se acomodando para mais tarde - até porque era impossível parar tão cedo: uma galera imensa se aglomerava em frente, a rua ficava cheia de gente em pé, esperando mesa, bebericando e curtindo a música, o maior astral. Acabava a feira e os expositores se juntavam ao público da casa. Sonia Braga veio duas vezes, Zé Ketti dava canjas regulares, toda hora tinha uma novidade. Tudo perfeito, inclusive em termos de faturamento (claro!...). O grupo de choro passou a ser fixo aos sábados à noite também, a pedido dos clientes.Essa grande festa durou uns três anos, sucesso total. Mas, como não há bem que sempre dure, os bares vizinhos - obviamente - resolveram nos copiar. Era o início do fim: o cruzamento da música das três casas agrediu e acabou por afastar, paulatinamente, o público, num processo lento e doloroso. Foi muito difícil aceitar uma perda dessas, e tentamos fazer a concorrência ver que seria ruim para todos, sem resultado. A ganância falou mais alto, e as pessoas sacaram isso; ninguém gosta de freqüentar ambientes com clima pesado.
Quando o movimento caiu de vez, reduzimos a quantidade de dias, passando a ser somente um domingo por mês, até que ano passado decidimos parar definitivamente, pra preservar, ao menos, a lembrança de tudo aquilo. Nunca mais recuperamos aquelas mágicas tardes de domingo, que ficaram na memória e no coração de muita gente. Até hoje aparecem clientes antigos lembrando dos momentos vividos, casais que se conheceram no Villaggio, jovens que são hoje adultos nostálgicos, amigos e mais amigos que não acharam mais nada parecido em São Paulo.
Voltando um pouco no tempo, em meados de 1994 começamos a mesclar os músicos da casa que tocavam à noite, de quarta a sábado, com os shows de artistas, às sextas-feiras - o que chamamos de projeto Sexta Expecial, idéia da minha (então) gerente (e hoje sócia) Rozana Lima. Mas... isso fica pro próximo capítulo.
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