domingo, 2 de agosto de 2009

Capítulo 1 - O início

Tudo começou em janeiro de 1992. Eu, funcionário do Banco do Brasil (onde trabalhei por 17 anos!) , morava num apartamento em cima da loja onde foi montado o bar. No local acabava de ser desativada uma loja de congelados. Em sociedade com meu então gerente no Banco, o João Ricardo, mais o Beto, psiquiatra e grande amigo dele, encaramos o desafio de montar, do zero, um café "tipo europeu". A idéia foi minha, inspirado no boêmio Café Paris, point do bairro Butantã aqui na Capital, que foi sucesso nas décadas de 1980/90 e que infelizmente não existe mais. Lá eu ia freqüentemente assistir ao hoje famoso Renato Braz, mais uma pá de gente talentosa como Mário Gil, Paulinho Grassman e Hamilton Moreno (ê, saudade).

Na época, além do Banco, eu também era sócio de um outro barzinho do Bixiga que fez época, o "Porque Hoje é Sabado", do qual me desfiz em 1996 - mas isso é outra história. O fato é que a experiência na noite me encorajou, e eu convenci os sócios. Foram seis meses de obra, e mais de 20 caminhões de entulho retirados. Dinheiro curto (até carro vendido), apenas dois pedreiros trabalhando, demoramos pra inaugurar. Contamos com ajuda de vários amigos, dentre eles o Tavares que fez os belos móveis de mogno, o irmão engenheiro do João - que arrumou, bem barato, gesseiro, vidraceiro e similares; a dupla Luiz Peixoto/Serginho Leal, que se encarregou da identidade visual e - jamais esqueceremos -, o Anderson Andrigo, já falecido, que criou o projeto arquitetônico no estilo art-déco, até hoje elogiado e mantido quase que intacto. As adaptações obrigatórias para que virasse casa de shows foram feitas a partir de 1996, com o maior cuidado, para não descaracterizar a idéia original. A principal delas, a retirada de um enorme balcão circular que tomava quase o salão principal todo - fruto do desejo inicial de ser apenas um café, sem música - e que resistiu durante cinco anos. E a outra, claro, o palco, que não existia e que foi criado e adaptado onde era a passagem original pra cozinha.

O nome "Villaggio" resultou de uma enquete entre vários amigos. A praça em frente - fartamente arborizada, o coreto e as casas em volta justificaram a tradução italiana para "vilarejo". Sem falar que estávamos no bairro da colônia, claro.

Mesmo faltando alguns detalhes e equipamentos, fomos obrigados a abrir logo as portas pra fazer caixa. Numa noite fria de junho daquele ano, dia 17, o Villaggio Café foi finalmente inaugurado, com a presença de dezenas de amigos do peito. Um porre inesquecível.

Abaixo, algumas fotos dessa noite. Não são de boa qualidade, mas são as únicas e valem pela história. Na primeira, vê-se o balcão que foi demolido para ganharmos espaço. Na segunda, a passagem pra cozinha que virou palco e que curiosamente traz o arquiteto Anderson citado acima, numa justa homenagem.

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